sexta-feira, janeiro 19, 2007

Emma Bovary c'est moi

Clássicos não são clássicos à toa. Mais de 150 anos (!) depois de ter sido escrito, Madame Bovary ainda é forte e simplesmente é impossível parar de ler depois das primeiras páginas. E dá para se imaginar o rebuliço de um livro deste após décadas e décadas de Romantismo...

Emma, a personagem principal, é um Dom Quixote do amor, leu romances em excesso e busca um amor cinematográfico (provavelmente, na época, um amor romanesco!?)... desses que a vida real não oferece... E sua busca é espirituosa, comovente, deprimente... e narrada com perfeição. Vejam aonde isso termina, e como Flaubert é sempre irônico e certeiro nas descrições...

“Depois o padre recitou o Miseratur e o Indulgentiam, molhou o polegar direito no óleo e começou a unção; primeiro sobre os olhos, que tanto tinham cobiçado todas as suntuosidades mundanas; depois sobre as narinas, gulosas de brisas tépidas e de perfumes amorosos; depois sobre a boca, que tanto se abrira para a mentira, que tanto gemera de orgulho e gritara de luxúria; depois sobre as mãos, que se deleitavam com os contatos suaves e, finalmente, na planta dos pés, outrora tão velozes quando corriam a saciar os desejos e que agora nunca mais tornariam a caminhar.”

Triste, mas perfeito...

Um comentário:

Anônimo disse...

por isso perdoa o q vejo sem ver,perdoa o fogo das palavras,perdoa a mao q nao dei,perdoa o q nao fiz