segunda-feira, janeiro 15, 2007

Viagem ao Fim da Noite

Quero falar de Truman Capote e de seu livro Bonequinha de luxo que terminei neste final de semana (nada absurdamente especial, mas uma escrita leve e cativante – o último conto Memória de Natal, é um achado!), quero falar do tempo chuvoso e frio de Angra no sábado e como ele o impele à depressão (os índices altíssimos de suicídio nos países escandinavos não se devem à vida pacata, mas ao CLIMA horroroso, tenho certeza!), quero falar do quão ótimo foi ter a Ma, amiga desde os idos gevenianos, neste final de semana aqui, discutindo comigo mil teorias de vida, impulsos, sonhos, quero falar do formigamento de vida, do desejo de fazer, dos mil planos, mas não consigo.

Só consigo pensar e ler Céline, Viagem ao Fim da Noite. NUNCA li nada tão bom. A cada 5, 6 páginas, invariavelmente há um achado, um momento em que a descrição da podridão, da desesperança da vida tangencia a perfeição. Um pouquinho:

“O que é pior é que a gente fica pensando como que no dia seguinte vai encontrar força suficiente para continuar a fazer o que fizemos na véspera e já há tanto tempo, onde é que encontraremos força para essa providências imbecis, esses mil projetos que não levam a nada, essas tentativas para sair da opressiva necessidade, tentativas que sempre abortam, e todas elas para que a gente se convença uma vez mais que o destino é invencível, que é preciso cair bem embaixo da muralha, toda noite, com a angústia desse dia seguinte, sempre mais precário, mais sórdido.

É a idade que está chegando talvez, a traidora, e nos ameaça com o pior. Já não temos muita música dentro de nós para fazer a vida dançar, é isso. Toda a juventude já foi morrer no fim do mundo no silêncio de verdade. E aonde ir lá fora, pergunto a vocês, quando não temos mais em nós a soma suficiente de delírio? A verdade é uma agonia que não acaba. A verdade deste mundo é a morte. É preciso escolher, morrer ou mentir. Eu, eu nunca pude me matar.

O melhor portanto era sair para rua, este pequeno suicídio.”

Vou à rua, fazer compras. Volto logo! Beijos!

Um comentário:

Anônimo disse...

marquim proce fica felizim le passagem das horas do f. pessoa